Do Correio da Manhã transcrevemos o seguinte artigo:
25 de Abril, canção de homenagem à vila
Onde está a Grândola de José Afonso?
Ainda é a terra da Sociedade fraternidade operária grandolense, mas O edifício está encerrado há dois anosHavia duzentas pessoas na sala. Entre elas um agente da PSP. Fardado. Homem para não se abespinhar quando José Afonso cantou ‘Os Vampiros’, senhores à força e mandadores sem Lei. Escondidos sob o palco palpitavam os livros que a Censura proibira – ‘Subterrâneos da Liberdade’, de Jorge Amado, partilhando páginas com ‘O Caminho Fica Longe’, de Vergílio Ferreira.
Na noite de 17 de Maio 1964, no salão de festas da Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, José Afonso cantou para trabalhadores da indústria corticeira, camponeses, militantes do PCP na clandestinidade e um polícia pouco convicto. O apreço, mútuo, foi tal que, no fim do espectáculo, escreveu, numa folha de papel almaço, 'Grândola, vila morena, terra da fraternidade' – operária grandolense.
Ninguém sabe onde pára a folha com o poema original da canção que seria senha do 25 de Abril de 1974. 'Desapareceu', lamenta Maria José Pucarinho, professora de Música na escola secundária e actual presidente da colectividade, também conhecida por ‘Música Velha’, que José Afonso descreveu como 'um local obscuro, quase sem estruturas, com uma biblioteca de evidentes objectivos revolucionários e uma disciplina aceite entre todos os membros, revelando já uma grande consciência e maturidade políticas'.
Os livros que faziam parte da biblioteca estão encaixotados. O salão onde naquela noite, há quase 45 anos, Zeca esboçou ‘Grândola’ está vazio. Esquecidas no chão ficaram folhas de pauta onde saltitam semicolcheias de mãos dadas. Já parou de chover lá fora. Há esperança de que a água cesse de correr cá dentro. Maria José Pucarinho não disfarça o desalento. 'É uma pena. Temos a escola de música, com 72 alunos, a funcionar aos sábados na Universidade da Terceira Idade e a banda filarmónica, com 47 músicos, ensaia num antigo restaurante chinês.' É assim há quase dois anos, desde que o edifício, um antigo hospital, construído no século XVII, encerrou para obras.
Nada e criada em Grândola, Maria José não conheceu pessoalmente José Afonso. Tinha oito anos quando se deu o 25 de Abril. 'O meu pai estava em Marrocos. Eu tinha ficado com a minha mãe em casa. Lembro-me da euforia e do pânico dela. Não sabíamos o que ia acontecer a partir daí.' Quando, de manhã, mãe e filha acordaram, o País insone já tinha ouvido 'Grândola, vila morena, terra da fraternidade'. Passou às 02h00 no programa ‘Limite’, da Rádio Renascença. Era o sinal de arranque para as tropas revoltosas mais distantes de Lisboa. O golpe corria bem.
Na altura, Celso Nunes trabalhava como pintor em Paris, para onde emigrara em busca de melhor vida em 1964. 'Fui à banca comprar jornais e soube do que tinha acontecido, talvez mesmo antes de muitos portugueses que aqui estavam.' Regressou em 1979, ainda a tempo de conhecer o homem que celebrizara Grândola. 'Encontrei-o em Évora e depois em Setúbal. Ele já estava doente.' Tanto tempo depois, ouvir ‘Grândola’ continua a arrepiá-lo. 'É diferente para nós, que sabemos porquê e para quem ele escreveu aquele poema', emociona-se Celso, que voltou para reparar calçado num estabelecimento aberto na rua das lojas.
Há-de ser diferente também para Pedro Martins da Costa, de 66 anos, ex-vice-presidente da Câmara, que trouxe José Afonso à vila. 'Em 1964, eu estava em Lisboa, na tropa, e como eu havia mais gente da Fraternidade Operária que lá estava. Reuníamos em tertúlia no café Gelo e no Martinho, não o da Arcada, um estabelecimento com bilhar que havia nos Restauradores.' Entre o Gelo e o Martinho surgiu a ideia de convidar Carlos Paredes e José Afonso para um concerto. Escreveram-lhe para Faro, onde José Afonso era professor. 'Em 1965 voltou e muitas vezes depois – gostava do convívio e do ambiente igualitário da colectividade. Tão igualitário, dizia ele, que não se percebia quem era o vogal e quem era o presidente.'
Na praça para onde se inclina a Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense existe actualmente um hotel de três estrelas, uma ludoteca e um centro de estética canina. Os tempos de fervor revolucionário parecem encontrar eco apenas no centro de trabalho do PCP, ameaçado de despejo, como reza uma faixa colocada a quase toda a largura.
Montado na sua bicicleta, com caixote de plástico atado atrás, Adriano António Damasceno está de visita à vila. 'Moro numa fazenda lá em baixo, onde tenho um gadozinho e os meus canitos.' O cantoneiro de limpeza reformado almoça todos os dias no refeitório da Câmara Municipal de Grândola. 'Têm lá mulheres antigas a fazer o comer e eu gosto da comida antiga, com carne e couves', explica, franzindo os olhos sob o boné de fazenda. Não lhe faltam as palavras, capazes de enfrentar o silêncio mantido pelo trio de idosos que, ao longo da tarde, se desloca lentamente atrás dos raios de Sol. 'Há aqui muitos velhotes. Em algumas aldeias já só há antigos', nota Adriano. Era nesses tempos – 'antigos' – que 'a ‘Grândola’ se ouvia muito'. Hoje não. 'Hoje só se ouvem os cantores modernos.'
Depois do 25 de Abril houve ocupação de herdades. Formaram-se cooperativas de produção – uma das quais corticeira, ligada à Reforma Agrária. Mas, mais do que camponeses, os grandolenses sempre foram comerciantes e operários corticeiros. É ainda evidente o peso do comércio, agora com um toque multicultural resultante da instalação de lojas de chineses. O futuro parece, contudo, escrito nas agências imobiliárias. 'Agora é a indústria da construção civil que mais emprego dá', observa Pedro Martins da Costa, que até há bem pouco tempo manteve aberta uma loja de relojoaria. Grândola está à espera dos grande empreendimentos imobiliários e turísticos que prometem fazer render a beleza da Costa Azul. Tróia (Grupo Sonae) é ali ao pé. O Carvalhal (Grupo Espírito Santo) não fica longe. Melides (grupo suíço Volkart) é a dois passos.
Fim de tarde em Grândola.Tocou para a saída. Pelo Jardim 1º de Maio, que já foi 28 de Maio, caminham jovens em grupos. Balançam os livros com despreocupação. Sara, aluna do 11º ano, já soube a história de ‘Grândola, Vila Morena’. 'Era tipo código, uma coisa esquisita.' Nem de propósito, passa perto o professor de História. Ela encolhe-se e brinca: 'Ai se ele soubesse que eu já não me lembro...' Mesmo sem saber exactamente o significado da canção, sente um certo orgulho pois é por causa dela que 'o pessoal de Setúbal conhece Grândola' e para lá ruma a fim de celebrar o 25 de Abril. De qualquer forma, do que Sara, franja morena e unhas vermelhas, mais gostava era que houvesse uma discoteca na vila que deu nome à canção. 'Temos de ir a Alcácer ou a Santiago... só lá é que há discotecas.' Em 1964, quando pela primeira vez lá esteve, José Afonso viu em cada esquina de Grândola um amigo e em cada rosto igualdade. Em Abril de 2009, Sara assume que só está desejando sair dali.
Absolutamente lamentável.
ResponderExcluirRecontar-se a história à medida de delírios pessoais parece ser um hábito - infelizmente enraizado - em algumas pessoas ligadas à SMFOG Música Velha.
Como é possível mentir tão descaradamente a um órgão de comunicação nacional?
Haja respeito! se Zeca Afonso já morreu e não pode contradizer as mentiras, não se esqueçam que ainda estão vivas as pessoas que realmente convidaram o cantor para vir a Grândola em 1964 e ficaram seus amigos até ao final da vida.
As declarações em discurso directo, de quem ainda por cima se intitula ter sido vice-presidente da Câmara (?)e que são reproduzidas no artigo do Correio da Manhã são simplesmente uma vergonha.
José Horta
Boa noite
ResponderExcluirEu sempre ouvi dizer que quem convidou o Zeca Afonso, foi a Ivone Chinita que já morreu e não se pode defender. Ela sim foi uma grande amiga do Zeca.
Não pretendendo entrar na discussão estéril sobre a história da vinda a Grândola em 1964 do Zeca Afonso, história de que aliás tenho algum conhecimento, não tanto pelas fantasias históricas de uns quantos palermas que se armam em comentadores politico/sociais da nossa praça (leia-se da nossa vila de Grândola), mas outro sim, pela feliz oportunidade que tive de consultar alguma documentação pertença da Música Velha, sempre direi que ao sr.José Horta que tenha cuidado, não morda a língua, porque pode cair fulminado. O sr. José Horta, pseudo intelectual da já mumificada esquerda maoista é uma destilaria ambulante de veneno e maledicência, penso que tal como eu a grande maioria dos grandolenses gostaria que esse senhor se limitasse a ver, houvir e calar, ou que quanto muito fizesse uns anitos de meditação eremita.
ResponderExcluirEste último comentário, ofensivo por natureza, apenas foi publicado porque o seu autor está devidamente identificado, quer pelo seu nome, quer pelo IP.
ResponderExcluirSe alguém se sentir ofendido, retiraremos o comentário.
A EQUIPA
Apenas um esclarecimento: o senhor VITOR SANTOS do comenário acima é o "VITOR RATINHO" que além de ser, ou ter sido, director da Música Velha também pertence à Direcção da Delegação da Associação 25 DE ABRIL?
ResponderExcluirSe fôr o mesmo, pergunto: é essa postura da Associação 25 de Abril e até dos ideais da Revolução dos Cravos? mandar calar e ameaçar quem incomoda?
BOA!!!
Para a Frente amigo Horta ñ se cale...
ResponderExcluirEles têm Medo da Verdade!!
Esse Sr. apareçe agora?
Onde esteve em Abril 74?
O q sabe ele sobre o camarada Zeca Afonso!
Para Lembrar esse Sr. vários foram os amigos que trouxeram o Zeca a Grandola foram: Zé Edemio e José da Conceição, Antonio Manuel, Helder Costa, por acaso todos Maoistas.....
Força camarada Horta.
Não sou o "Vítor Ratinho", sou sim o Vítor Manuel Silva Pereira dos Santos, cidadão português, e não me escondo em anonimato. Fui efectivamente director da Música Velha, fui efectivamente durante seis anos presidente da Música Velha, fui e sou membro dos Corpos Gerentes da Delegação do Alentejo da Associação 25 de Abril, fui durante 20 anos membro de direcçaõ do Sociedade Musical e Desportiva de Caneças. Tenho portanto no meu curriculum cerca de 30 anos de dirigente associativo, nem todos podem dizer o mesmo.
ResponderExcluirNo 25 de Abril era um jovem de 19 anos, que viveu em pleno, e in loco, a Revolução. Nunca fui nem sou de radicalismos estéreis, nunca mas nunca quis tomar de assalto o poder, nem casas de trabalhadores emigrantes. O que não admito é que gente que nada fez, venha deste ou de outro modo criticar aqueles que bem ou mal, pelo menos tentaram alguma coisa fazer.Nimguém põe em causa, e eu sei disso, que em 1964 o sr. José Edemio, o sr. José da Conceição e o irmão António Manuel, bem como também o Hélder Costa, de quem sou amigo, e outros grandolenses fizeram nesses tempos difíceis. E como disse, eu sei disso, tinha apenas 10 anos nessa altura mas vivi esses tempos, porque o meu pai, tal como outros grandolenses, fazia parte do grupo cénico da Música Velha, e tal como dizia Zeca Afonso, não havia nesses tempos diferenças, não se sabia quem era o presidente, quem era o vogal, quem era simplesmente um apoiante, vivia-se um tempo de amizade , de solidariedade, de fraternidade. Não me lembro, nem me consta que o sr. José Horta e outros tais o tivessem vivido.
No Portugal de Abril ninguém, mas ninguém é dono de coisa alguma, mas o respeito é devido a quem respeita, e nãO HÁ PARA MIM COISA PIOR do que quem crítica aquele faz, com todos os defeitos próprios do ser humano, mas que pelo menos tenta fazer, e aquele que nunca nada fez.
Não sendo eu poeta, nem me querendo sequer arvorar como tal termino com o seguinte:
Eles... são os tais, do futebol de café
das intrigas do vizinho
do diz que diz, mas não diz
do faz que faz, mas não faz
do tem que tem, mas não tem
do é que é, mas não é
do fala que fala barato
de falatório eficaz
daquilo que ele não fez
mas que outro alguém foi capaz.
O dedo a todos apontam
de tudo sabem fazer
obra feita!.. nimguém viu
só a puta que os pariu.
São os amorfos da vida
que de vida nada têem
que de vida nada valem
QUE DE VIDA... VIVEM MORTOS.
Vítor Manuel Silva Pereira dos Santos
Nascido a 24 de Setembro de 1954
Cidadão Português
Natural da Freguesia e Concelho de Grândola
Portador do Cartão de Cidadão N.º: 4585573
Quando o Stalin tomou o poder, para poder rescrever a história, tratou logo de eliminar os adversários.
ResponderExcluirChegou ao ponto de mandar retocar as fotografias onde apareciam os que íam sendo eliminados.
Querem ver agora que afinal o JOSÉ HORTA nunca entrou na Música Velha?
O senhor Vitor Santos está mal informado ou padece de um estalinismo tardio e mumificado...
Os acontecimentos históricos - e o facto de uma canção "Grândola Vila Morena" ter sido senha de uma Revolução é dado incontornável da nossa história nacional - levantam sempre grandes paixões, principalmente quando a poeira dos tempos ainda não assentou completamente.
ResponderExcluirNeste blog discute-se acaloradamente a ligação de Zeca Afonso a Grândola o que é natural:
Uns viveram o acontecimento, outros têm os arquivos mas não os mostram, outros vão dizendo umas mentirinhas mais ou menos inocentes para também ficarem no retrato, e outros dão palpites.
Uns importam-se com a verdade. Outros interessa-lhe mais colher frutos para o seu partido, ou organização política ainda "viva" ou já "morta".
Outros finalmente põem-se em bicos de pés, agitando galões que não têm, na esperança de adquirir algum protagonismo.
Enfim,como diria um antigo primeiro-ministro, É a vida!
Nesta matéria apenas me move um objectivo: que a verdade não seja deturpada.
Por isso, embora não tendo sido protagonista dos acontecimentos (tinha 10 anos e só viria morar para Grândola passados 5 anos)vou dar os dados que possuo sobre o assunto e que adquiri pelos seguintes meios: grande amizade pessoal com alguns dos principais intervenientes da Música Velha, conhecimento pessoal e amizade com Zeca Afonso, leitura de documentos e diversos livros sobre o grande Cantor e, pasme-se! a minha própria ligação à Música Velha.
Vamos aos factos:
ZECA AFONSO CANTOU EM GRÂNDOLA PELA PRIMEIRA VEZ EM GRÂNDOLA NO DIA 17 DE MAIO DE 1964.
Nesse dia, que era um Domingo, Zeca Afonso conheceu o igualmente grande, CARLOS PAREDES, que também tinha sido convidado pela Direcção da Música Velha SMFOG, para abrilhantar os festejos do 52º aniversário da Sociedade.
Quem era a DIRECÇÂO da Música nesse ano de 1964:
Presidente: Edémio José Neto
Vice: José da Conceição
Tesoureiro: Fernando Nóbua
1º Secretário: Mário Varanda
2º Secretário: Victor Martins
Vogal: José Manuel Galvão
Director de Banda: Luís Careto
Assembleia Geral:
Presidente: Belarmino Rosa
Vice: Eduardo Correia
Supl. Joaquim Martins
e Evaristo Romero
Conselho Fiscal:
Presidente: Custódio Mateus
e António Bispo
e Miguel António Rodrigues (Miguel Veneno)
Embora a carta-convite, dirigida a Zeca Afonso, então professor em Faro, tenha sido assinada por JOSÉ DA CONCEIÇÃO, a honra directa pelo convite caberá a todos os nomes que nesse ano pertenciam aos corpos sociais da Música e ainda ao único grandolense que já conhecia e era amigo de Zeca: o HELDER COSTA, Homem do Teatro e também de muitas lides políticas.
A quem mais aprofundadamente queira conhecer a vida e a obra de Zeca Afonso e a sua passagem por Grândola, aconselho a leitura de um grande livro: "JOSÉ AFONSO - O ROSTO DA UTOPIA" do jornalista José António Salvador.
Este livro que decerto existe na nossa Biblioteca Municipal, conta em discurso directo do próprio Zeca o seu primeiro contacto com Grândola e a história da canção que imortalizou esta terra.
Depois da sua leitura, estou certo que certas "fantasias" não terão mais razão para continuar a ser propaladas.
Para terminar apenas um esclarecimento: alguém neste blog dizia que a Ivone Chinita é que tinha trazido Zeca Afonso a Grândola.
Apesar de eu ter sido grande amigo da Ivone e de hoje a continuar a admirar como Lutadora e Poeta, não posso deixar de esclarecer que a IVONE nada teve a ver com a primeira vinda de Zeca Afonso à Vila Morena.
E esclareço:
A IVONE CHINITA em 1970, então com 21 anos, teve uma acção extraordinária na Música Velha.
Batendo de porta em porta, juntou um grupo de moços, e pelo menos uma moça, que formaram uma Comissão Cultural na colectividade.
Julgo que a Ivone nunca foi sócia da Música, se estiver errado peço que me corrijam, mas esse facto não foi impeditivo de realizar um importante trabalho na sociedade.
Para aqueles que não conheceram esse tempo de ditadura esclareço que as "Comissões Culturais" eram o meio que se utilizava para poder realizar determinadas actividades polícas e culturais, sem que dirctamente se envolvessem as Direcções dos clubes e das sociedades.
(Em Grândola esse sistema foi utilizado a partir dos anos quarenta e cinquenta com a criação de "Bibliotecas" por acção de uma outra figura incontornável da nossa história política local: JOSÉ MARREIROS MENDONÇA, recentemente falecido.)
Mas voltando ao ano de 1970, recordo que essa Comissão Cultural, em que me integrei desde a primeira hora, começou por levar a efeito, entre outras, as seguintes actividades:
Teatro (A farsa de Mestre Pathelin, de Moliére), Sessões de declamação de poesia, baseadas primeiro livro da Ivone "DIGO FOME", Exposições de Pintura (Costa Brites)e Gravura (Manuel Cabanas).
Por motivos pessoais e profissionais Ivone regressou aos Açores, mas o "grupo de moços" que ela juntou, continuou!
Por isso e também porque alguns de nós já tínham grandes convicções, e até militância política, a COMISSÃO CULTURAL continuou em actividade.
É então que Zeca Afonso volta a Grândola, canta o ADRIANO, o RUI MINGAS, é realizada uma Feira do Livro no então Jardim 28 de Maio.
São realizadas exposições e conferências (vem cá nessa altura o SARAMAGO)etc etc etc.
Humildemente, mas com muito orgulho, posso dar o meu testemunho porque estive em todas essas actividades.
Eu e muitos jovens.
E novamente o JOSÉ DA CONCEIÇÂO E ANTÒNIO MANUEL que faziam a ponte com os artistas e os restantes convidados.
Foram tempos difíceis porque vivíamos em ditadura e cada realização era ostensivamente vigiada do exterior, pelo Chefe da PSP e pelo mais importante informador da PIDE local, que assinava os seus minuciosos relatórios com o pseudónimo MANUEL CUSTÓDIO, mas que na verdade era SOBRAL...
Mas foram igualmente tempos muito gratificantes!porque havia muita camaradagem e estávamos convictos que estávamos do lado certo da barricada.
Alguns, que não viveram nada disto "aconselham-me" a "ver, ouvir e calar".
Lamento mas não lhes posso fazer a vontade.
Nunca foi de minha índole essa atitude.
E na polémica em torno da Música Velha e de algumas fantasias que a longo dos tempos têm sido atiradas ao ar, volto a dizer: não vale a pena mentir.
A verdade basta e é mais do que suficiente motivo de orgulho para todos os que numa fase ou outra estiveram por dentro dos acontecimentos.
Quando há alguns anos uma Direcção, a respeito de um determinado acontecimento que levou à prisão 7 (sete)jovens músicos, concedeu uma entrevista e teve logo que afirmar que a banda tinha sido toda presa (22 elementos) e que os cavalos da GNR tinham entrado pela Sociedade,na verdade não estavam a engrandecer a Colectividade.
Estavam a cair no ridículo.
Por isso tenham a santa paciência: não posso ver ouvir e calar!
JOSÉ HORTA
Rapaziada, vocês discutam lá quem é que tem mais ou menos Protagonismo mais ou menos estéril, com o facto do Zeca Afonso ter vindo a Grândola conviver e ter de tal maneira ficado agradado com o que encontrou, que dedicou uma canção a esta Terra. Não queiram é agora, quer uns, quer outros armarem-se em Mais ou menos Revolucionários, ou quem teve mais ou menos protagonismo com esta situação. FAÇAM MAS É DA MUSICA VELHA UMA INSTITUIÇÃO MAIS FORTE E REPRESENTATIVA DO NOSSO CONCELHO, APAREÇAM, AJUDEM, e CONTRIBUAM, PARA QUE ESTA BANDA, QUE TANTO ORGULHA OS GRÂNDOLENSES, PELA SUA QUALIDADE MUSICAL E PELO BRILHANTISMO DOS SEUS JOVENS E MENOS JOVENS MUSICOS seja cada vez mais um ORGULHO para todos nós. Quero com isto dizer o seguinte: Discutam o que têm a discutir sobre o Zeca mas DEIXEM A MUSICA VELHA fora dessa discussão,pois ela foi tão só,e em boa hora, o espaço para que tudo isso tivesse acontecido!
ResponderExcluirLá na Musica ainda estão uns livritos, assim em caixotitos, se calhar até alguns que em tempos foram folheados pelo Zeca.Como pareces interessado por essas coisas que podem vir a ficar danificadas, ou até serem levadas não se sabe para ONDE, e como pareces ter espírito benévolo, CHEGA-LHE. Mais vale actuar quando tudo está ainda vivo. Depois ? falar para quê! Não ofendam a memoria do Mortos.
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